Tuesday, August 22, 2006

"o bairro da moda"

clique na imagem para ampliar

Monday, August 21, 2006

Na Rua do Norte cresce o comércio alternativo

Subir e descer a rua do Norte, no Bairro Alto, tornou-se um exercício obrigatório para quem, em Lisboa, pretende seguir de perto as novas tendências da moda. Nos últimos anos, o número de lojas que aqui se estabeleceram para vender artigos de vestuário dito alternativo não parou de crescer, atraindo cada vez mais consumidores em busca de originalidade. "Toda a gente sabe que, aqui nesta rua do Bairro Alto, há comércio alternativo, onde é possível encontrar coisas que não há em mais lado nenhum", conta Ana Oliveira, de 22 anos.
O novo comércio da Rua do Norte não é um fenómeno de massas. Destina-se a quem quer evitar centros comerciais. Há, porém, um movimento regular de turistas em busca de um restaurante ou de uma lembrança diferente e, sobretudo, de lisboetas, que não passam nesta rua por acaso. Vêm à procura dos ténis que ninguém tem, de uma t-shirt estampada com um desenho ou uma frase únicos, ou de uma carteira de plástico reciclado, desenhada e fabricada em Portugal. Tiago Lucena tem 25 anos, começou a trabalhar numa agência de comunicação há cerca de dois anos e elegeu a Rua do Norte. "Aqui, encontro marcas únicas. Prefiro comprar menos mas de maior qualidade, o que tem o seu custo", avisa. Novos consumos, novos hábitos: "Faço este circuito com alguma frequência.
Rua acima, rua abaixo. Por vezes, passo por cá antes de ir para os copos. É uma maneira diferente de fazer compras".Houve até quem mudasse de ramo para SE adaptar às novas tendências do bairro. Yolanda Campos é a gerente da loja do número 32 da Rua do Norte, em tempos um antiquário. Em Abril de 2000 deu um novo rumo à sua casa: "Quando abrimos não havia nenhuma loja em Portugal que vendesse unicamente ténis de moda", recorda. A originalidade - e, se possível, a exclusividade - é o principal trunfo. Exemplo disso é o conceito de outro espaço, também gerido por Yolanda Campos. O tempo de vida daquela loja limita-se à duração de uma colecção de ténis: "Ainda não temos um projecto suficientemente forte para aquele espaço onde, durante cinco meses, vendemos em exclusividade para Portugal uma colecção de Adidas com edição limitada a cinco mil pares em todo o mundo.
"George, sócia-gerente de um cabeleireiro "para gente que quer cortes mais arrojados", é a recém-chegada à Rua do Norte. "Só abrimos há uns dias ao público, mas queríamos mudar-nos para aqui há muito tempo porque é mesmo o coração do Bairro Alto. Há muito movimento, de dia como de noite", diz a cabeleireira e empresária de nacionalidade britânica.Quando se aproxima a hora de jantar, Fátimas Lopes, de 50 anos, 12 dos quais a residir na Rua do Norte, vai com a filha à mercearia da Rua da Rosa comprar fruta. "Antes era mais prático ir à loja da Celeste que, entretanto fechou, dando lugar a uma destas lojas modernas", admite. Mas Fátima não se sente prejudicada. Pelos vistos, o comércio alternativo faz a ponte entre o velho e o novo Bairro Alto.

in DN

Friday, August 18, 2006

Barulho, assaltos e droga preocupam Bairro Alto

São três noites sem dormir, sem lugar para estacionar o carro e muitas dores de cabeça. Mas também três noites de pura animação, na mais concorrida zona nocturna de Lisboa. Todas as quintas, sextas e sábados, os moradores do Bairro Alto têm garantidas noites barulhentas até altas horas da madrugada. "Ninguém consegue dormir com o barulho. Mas pior são os que vivem nos rés-do-chão, que têm de ouvir os bêbados baterem à janela a noite toda", desabafou ao DN uma moradora que pediu o anonimato. No Verão, a situação piora, até porque aos habituais clientes juntam-se os turistas.
A partir das dez da noite, vão chegando aos magotes. Há ruas onde a circulação pedonal se torna difícil devido à quantidade de gente. Até porque os bares são tradicionalmente pequenos e não há lugar para todos. A agitação começa por volta das 22.30, quando começam a chegar os primeiros noctívagos. "Venho cedo porque como vim de carro queria encontrar lugar", explica António, de 36 anos. Atrás dele, uma verdadeira tribo: "São amigos. Vimos aqui todos os fins-de-semana, há anos." Com o passar do tempo foram surgindo novos pontos de encontro. "Quando éramos mais novos, o Arroz Doce era o nosso lugar, ali é que nos sentíamos bem, mas agora preferimos o Tertúlia.
O ambiente tem mais a ver com a fase em que estamos", continuou. Nos dias que correm, um dos locais mais concorridos do Bairro Alto é também o Maria Caxuxa, na Rua da Barroca. A antiga fábrica de bolos está sempre a "abarrotar", não há um único lugar vazio na casa... e na rua também não. "Sou fã disto desde o primeiro dia. Durante a semana, o estilo é lounge e é mais sossegado para beber um copo ao final da tarde, mas ao fim-de-semana é sempre a abrir", conta Jorge, de 25 anos. Mas sejam quais forem os locais na berra, a verdade é que há gente suficiente para ocupar todo o Bairro Alto. Gente que se apodera de todos os degraus e parapeitos das janelas para se sentar ou poisar os copos.A tradição, porém, já não é o que era. "Antigamente as pessoas costumavam vir jantar ao Bairro e depois ficavam por cá. Essa realidade mudou.
Agora jantam em outros locais e vêm cá só para os copos", conta ao DN a proprietária de um restaurante situado no bairro.Estacionamento caóticoMesmo sendo o estacionamento difícil, "quem gosta, marca presença no bairro", explica a Joana, que, mesmo com 45 anos, não consegue "sobreviver sem cá vir pelo menos um dia". "Qualquer buraco serve para estacionar", ironizou um dos muitos arrumadores de serviço. "Isto é a desordem total", frisou. A fila para o parque de estacionamento dá várias voltas ao Largo Camões.
O problema é que o sistema de cancelas colocadas para impedir o estacionamento dentro do bairro - para não moradores - nem sempre funciona. "Já várias vezes estacionei o meu carro lá dentro do bairro e não sou morador. É fácil, chego-me à cancela e um minuto depois ela abre-se", conta um cliente que preferiu não se identificar, ironizando ainda "como para sair não há cancelas, é na boa".
O problema é bem conhecido pelos moradores, que se vão queixando da falta de lugares para estacionar. "Quando surgiu este sistema tudo funcionava às mil maravilhas, com o passar do tempo é o que se vê. Os residentes, além de terem de aturar o barulho, muitas vezes não têm lugar porque toda a gente estaciona cá dentro. O que devia existir era um cartão de morador que fosse obrigatório picar à entrada e saída", reclama um morador. O problema do estacionamento para moradores é agravado com a quantidade de esplanadas de última hora.
As noites quentes de Verão, a falta de ar condicionado em muitos dos restaurantes mais castiços e o acréscimo de clientes obrigam os proprietários a aumentar a oferta com alguns lugares extras em esplanadas improvisadas. Com o fim da madrugada, o Bairro Alto remete-se ao silêncio. Da noitada apenas três testemunhas: os moradores, que acabaram finalmente por adormecer, os copos, agora vazios e espalhados pelas ruas, e o odor agressivo, uma mistura intensa de álcool com o fumo de cigarros.

in DN