Monday, August 21, 2006

Na Rua do Norte cresce o comércio alternativo

Subir e descer a rua do Norte, no Bairro Alto, tornou-se um exercício obrigatório para quem, em Lisboa, pretende seguir de perto as novas tendências da moda. Nos últimos anos, o número de lojas que aqui se estabeleceram para vender artigos de vestuário dito alternativo não parou de crescer, atraindo cada vez mais consumidores em busca de originalidade. "Toda a gente sabe que, aqui nesta rua do Bairro Alto, há comércio alternativo, onde é possível encontrar coisas que não há em mais lado nenhum", conta Ana Oliveira, de 22 anos.
O novo comércio da Rua do Norte não é um fenómeno de massas. Destina-se a quem quer evitar centros comerciais. Há, porém, um movimento regular de turistas em busca de um restaurante ou de uma lembrança diferente e, sobretudo, de lisboetas, que não passam nesta rua por acaso. Vêm à procura dos ténis que ninguém tem, de uma t-shirt estampada com um desenho ou uma frase únicos, ou de uma carteira de plástico reciclado, desenhada e fabricada em Portugal. Tiago Lucena tem 25 anos, começou a trabalhar numa agência de comunicação há cerca de dois anos e elegeu a Rua do Norte. "Aqui, encontro marcas únicas. Prefiro comprar menos mas de maior qualidade, o que tem o seu custo", avisa. Novos consumos, novos hábitos: "Faço este circuito com alguma frequência.
Rua acima, rua abaixo. Por vezes, passo por cá antes de ir para os copos. É uma maneira diferente de fazer compras".Houve até quem mudasse de ramo para SE adaptar às novas tendências do bairro. Yolanda Campos é a gerente da loja do número 32 da Rua do Norte, em tempos um antiquário. Em Abril de 2000 deu um novo rumo à sua casa: "Quando abrimos não havia nenhuma loja em Portugal que vendesse unicamente ténis de moda", recorda. A originalidade - e, se possível, a exclusividade - é o principal trunfo. Exemplo disso é o conceito de outro espaço, também gerido por Yolanda Campos. O tempo de vida daquela loja limita-se à duração de uma colecção de ténis: "Ainda não temos um projecto suficientemente forte para aquele espaço onde, durante cinco meses, vendemos em exclusividade para Portugal uma colecção de Adidas com edição limitada a cinco mil pares em todo o mundo.
"George, sócia-gerente de um cabeleireiro "para gente que quer cortes mais arrojados", é a recém-chegada à Rua do Norte. "Só abrimos há uns dias ao público, mas queríamos mudar-nos para aqui há muito tempo porque é mesmo o coração do Bairro Alto. Há muito movimento, de dia como de noite", diz a cabeleireira e empresária de nacionalidade britânica.Quando se aproxima a hora de jantar, Fátimas Lopes, de 50 anos, 12 dos quais a residir na Rua do Norte, vai com a filha à mercearia da Rua da Rosa comprar fruta. "Antes era mais prático ir à loja da Celeste que, entretanto fechou, dando lugar a uma destas lojas modernas", admite. Mas Fátima não se sente prejudicada. Pelos vistos, o comércio alternativo faz a ponte entre o velho e o novo Bairro Alto.

in DN

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