Obras destroem típica rua dos jardins suspensos

Pelo vício da profissão, José Fonseca e Costa, cineasta e morador no bairro, registou em fotografia as constantes mudanças. Primeiro saíram os típicos candeeiros de ferro do muro que protege o convento, o que deixou os moradores sem luz durante cinco dias. “Foram tirados de manhã cedo, num sábado, em pleno período de férias, numa altura em que ninguém podia protestar”, descreve Fonseca e Costa. A antiga iluminação foi trocada por gambiarras que tiveram o mesmo fim. Há 15 dias que os moradores estão novamente sem luz, tendo já havido, segundo o cineasta, “carros e pessoas assaltadas”.
“É lamentável que nem a Câmara nem a Polícia vejam isto.”Um dos últimos golpes, e também dos mais duros, foi o abate das árvores. José Fonseca e Costa garante que “o derrube foi feito sem a presença de fiscalização” e sem protecção para os peões. “Quando começaram a tentar derrubar a árvore maior houve ramos que caíram para a estrada e só por sorte não atingiram ninguém”, diz. Entre as descrições resta-lhe o desabafo: “Era uma rua lindíssima, magnífica, mas desfiguraram-na totalmente.”
As obras no Convento estão envoltas em polémica desde a aprovação do projecto. No início das demolições, em Outubro de 2004, uma centena de moradores concentrou-se em frente ao edifício para evitar o avanço das obras. Seguiu-se uma providência cautelar, interposta pelo vereador José Sá Fernandes, que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa rejeitou.
O projecto inicial previa a construção de uma residência de cuidados de saúde para maiores de 55 anos, mas a realidade é outra: 30 apartamentos de luxo desde T0 a T7 e duas garagens para 70 veículos.
in Correio da Manhã
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