Wednesday, February 28, 2007

"Noites de desassossego nas ruas do Bairro Alto"

"Por um dia, Maria Helena Carmo foi a moradora mais vaidosa do Bairro Alto, em Lisboa. O prédio n.º 35 da Rua do Poço da Cidade estava coberto de grafitti, cartazes e manchas de humidade. Tudo isso desapareceu com duas demãos de tinta branca no início de Fevereiro. "Vieram cá uns senhores da câmara municipal, montaram os andaimes e limparam tudo", conta a pensionista de 73 anos. Esta felicidade, porém, esfumou-se em menos de 24 horas: "Na manhã seguinte estava um enorme rabisco em cima da minha porta." Alguém usou a fachada do seu edifício para protestar em letras vermelhas contra a penalização das drogas." (...)
No Bairro Alto, já não restam paredes lisas: há declarações de amor que ocupam fachadas inteiras, rabiscos que vão de uma ponta à outra dos prédios, cartazes que anunciam peças de teatro, espectáculos de kizomba e de hip hop. "Os sinais de trânsito estão cheios de autocolantes e cada canto está transformado em mictório para os jovens que vêm aí à noite beber copos", censura António Figueira, residente na Rua Diário de Notícias.

Madrugadas de terror

(...)Nem com as portas e as janelas trancadas é possível abafar o barulho. "Batem nos vidros, sentam-se nos carros e até arrancam os retrovisores", denuncia a moradora.E, no dia seguinte, há copos, garrafas e lixo amontoados nas esquinas e nas ruas, nas escadas dos edifícios e à entrada das casas: "Sextas e sábados de manhã, quando abro a porta já estou de vassoura na mão." Só assim Manuela Gato consegue desbravar caminho e chegar até à rua. Houve alturas em que se revoltou contra a desordem instalada nas noites do Bairro Alto, mas hoje diz não ter a "mesma fibra" para cortar pela raiz a "falta de respeito" dos miúdos pelos mais velhos. "(...)
in Diário de Notícias

Wednesday, February 14, 2007

Jardim de S. Pedro de Alcântara reabre até ao Verão, anuncia Câmara Municipal de Lisboa

Os lisboetas poderão voltar a frequentar o jardim de S. Pedro de Alcântara este Verão, porque as obras de reabilitação do espaço devem terminar até lá, anunciou a Câmara de Lisboa. Iniciados em Novembro de 2005, os trabalhos deviam ter ficado prontos um ano depois - o que não veio a acontecer por, segundo a autarquia, ter sido descoberto durante a empreitada que o estado de degradação dos muros implicava o seu reforço, o que não estava inicialmente previsto. O empreiteiro a quem a obra foi adjudicada por 975 mil euros, a XIX, Construção, Projectos e Gestão, interrompeu as obras no final do ano passado por o pelouro dos Espaços Verdes da câmara ter deixado de lhe pagar.
O executivo camarário discute hoje uma proposta de alteração orçamental destinada a permitir o retomar dos trabalhos de requalificação, os quais, de acordo com os responsáveis dos Espaços Verdes, "já se encontram em fase de conclusão, rondando uma execução física de 75 por cento". Assim, "os dois lagos existentes foram requalificados, nomeadamente ao nível da impermeabilização, o mobiliário urbano e a iluminação pública do jardim largamente melhorados, o bebedouro do jardim e os gradeamentos artísticos no limite entre os dois patamares reparados, a estatuária totalmente recuperada e a rede de drenagem concluída". Por outro lado "foi realizada uma avaliação detalhada do arvoredo, tendo sido substituídas algumas árvores em fase final do ciclo de vida e com problemas de má formação e reforçadas as alamedas existentes no patamar superior do jardim". Falta agora fazer "apenas pequenas intervenções ao nível dos pavimentos, rede de rega e plantações no patamar inferior, com recurso a sebes de buxo anão e herbáceas".
in Público