Relva na Praça Luís de Camões deixa saudades

Em menos de uma hora, os muitos rectângulos de relva que, durante sete dias, cobriram a calçada portuguesa da Praça Luís de Camões e fizeram nascer um novo jardim no Chiado, em Lisboa, foram desaparecendo e sendo oferecidos a quem passava, por membros do Centro em Movimento (CEM) que organizou esta iniciativa inédita na cidade para assinalar o 25 de Abril e o 1.º de Maio.

Na despedida, houve quem admitisse que o pulmão verde vai deixar saudades e sugerisse à Câmara de Lisboa que relvasse pelo menos parte da praça."É uma grande pena que estejam a levar tudo isto", dizia, ao JN, Francesco Russo, um italiano de 29 anos que vive em Lisboa há seis. Como trabalha no Bairro Alto, passa todos os dias pela praça e garante que, na última semana, houve uma revolução no ambiente.

"Havia uma atmosfera fantástica de festa. Isto transformou por completo este espaço", contou, sugerindo que fosse feita "uma petição" para que a praça seja relvada.Sofia Neuparth, directora do CEM - um centro de artes performativas que existe desde os anos 80 e se dedica à criação, formação e investigação - mostrava-se muitos satisfeita com os resultados. "O nosso objectivo era criar um espaço artístico que as pessoas pudessem habitar", contou, admitindo que a adesão foi "fantástica"."Havia sempre velhos a jogar à sueca, crianças a brincar na relva [1400 metros quadrados], gente a namorar. As pessoas relaxavam aqui", contou, explicando que organizaram também várias actividades, desde a dança ao tricot e técnicas de origami. "Isto foi um grito", uma forma da população alertar para necessidade de mais espaços verdes e de convívio na cidade, considerou.

Dulce Costa soube da iniciativa pela rádio e, ontem à tarde, decidiu ir com a filha de 13 anos até à praça. Estava encantada com a festa. "Isto é muito interessante, inovador", dizia, lamentando a "pouca divulgação" do evento. Apesar da chuva, mãe e filha assistiram ao divertido "show" de uma banda de música que conseguiu pôr muita gente a dançar à chuva. Novos e velhos, portugueses e estrangeiros, todos tiveram um fim de tarde diferente.

Gina Pereira no JN